Edifício da Secretaria da Fazenda

Edifício da Secretaria da Fazenda

terça-feira, 21 de setembro de 2010

1996 - 2000 – Pessoas, atividades técnicas desenvolvidas e conflitos de interesses

A COTEPE, O SUBGRUPO DE QUANTIFICAÇÃO DO GT-47 E A CRIAÇÃO, NO IAF, DO GRUPO DE ESTUDOS DE QUANTIFICAÇÃO DA REFORMA TRIBUTÁRIA - GPERT

A COTEPE-ICMS, sobretudo a partir da Constituição de 1988, quando o antigo ICM “ganhou o S” referente aos serviços de transportes interestaduais e intermunicipais e de comunicações, ampliou muito sua atividade, sendo demandada a fundamentar, cada vez mais, suas propostas com estudos econômico-financeiros acerca da receita tributária estadual, em geral, e dos aspectos da incidência do ICMS.

A partir de 1996, quando o Congresso Nacional acelerou a tramitação da Proposta de Emenda à Constituição – PEC 175, encaminhada a ele em agosto do ano anterior, a necessidade dos estudos se tornou ainda maior.

Particularmente, se tornou mais ativo o Subgrupo de Quantificação do Grupo de Trabalho nº 47 – Reforma Tributária e Acompanhamento Legislativo. O Subgrupo era integrado pelos Estados de BA, CE, MG, PB, PR, PE e RS. Nele desempenhava papel fundamental Gedalva Baratto, do Paraná, sempre procurada para abordar as questões de quantificação dos impactos de mudanças no ICMS.

Pernambuco sempre foi muito presente na COTEPE, desde os anos setenta, quando seu representante nessa Comissão era Breno César Cavalcanti. Ao ser criado o Subgrupo de Quantificação, do GT-47, Pernambuco manteve representante.

Em setembro de 1997, o IAF, por meio da Divisão de Estudos e Pesquisas, fez uma “Chamada” para servidores fazendários (dois ou três) interessados em integrar um “Grupo de Pesquisa em Quantificação da Reforma Tributária” – GPERT.

Previu-se o seguinte funcionamento regular para o grupo:

            a) execução de tarefas individuais distribuídas pelo grupo, compreendendo: obtenção de informações em órgãos da Secretaria ou em fontes externas; construção de planilhas de cálculo com os dados obtidos; elaboração de resumos dos resultados encontrados; eventual participação em reuniões com representantes de outros Estados; etc.
            b) encontros semanais, durante um expediente a ser agendado, para: discussão sobre as propostas em debate no País; discussão dos resultados dos trabalhos individuais; distribuição de novas tarefas; elaboração de documentos a serem submetidos à direção da Secretaria ou à representação junto à COTEPE.

Duas auditoras se interessaram e passaram a pertencer ao Grupo: Maria Roseana Carvalho Soares e Maria de Fátima Corrêa de Araújo Oliveira. Logo foi decidido o desenvolvimento de um projeto de quantificação da renúncia fiscal que resultou na publicação do estudo na Revista de Administração Pública, da FGV, no número 1 do ano de 2000.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

1975 - 1983 - Pessoas, atividades técnicas desenvolvidas e conflitos de interesses

"Recursos para o desenvolvimento; a Secretaria da Fazenda no triênio 1975/77"

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Esse foi um relato das atividades da Secretaria feito no último ano da gestão Gustavo Krause, Secretário da Fazenda do Governo Moura Cavalcanti.

Trata-se de uma publicação de 63 páginas elaborada sob a coordenação da Assessoria Técnica de Programação, órgão da Secretaria para cuja direção Krause me convidou, na rua da Aurora, no prédio da Auditoria Fiscal do Estado, quando preparava sua gestão. Chegando lá, ouvi dele a pergunta curta: "topa a Assessoria". Pedi um breve tempo e respondi positivamente.

O trabalho documenta, logo em seu início, toda a equipe de direção da gestão Krause. Para não me estender muito, cito:
Chefe do Gabinete: Admaldo Matos de Assis, que viria ser Secretário da Fazenda na gestão Joaquim Francisco, nos anos noventa;
Chefe da Assessoria Jurídica: José Henrique Wanderley Filho;
Chefe da Assessoria de Comunicação Fazendária: o jornalista Ivaldo de Araújo Calheiros;
Chefe da Assessoria de Coordenação para Assuntos Tributários Municipais: Fernando Augusto Pinto Ribeiro Júnior;
Representante junto à COTEPE-ICM: Breno César Cavalcanti, também Diretor do Centro de Orientação ao Contribuinte e respeitado pelo domínio da legislação tributária do Estado;
Diretor Geral da Receita: Antônio Carlos Bastos Monteiro, que também viria a ser Secretário da Fazenda em 1986-87;
Diretor Geral de Finanças: João Macedo Filho;
Presidente do Conselho de Recursos Fiscais e Procurador Geral: Hélvio Santiago Mafra;
O Chefe da Auditoria Fiscal, o órgão de primeira instância do julgamento fiscal-administrativo: Clélio de Lemos.

Na Diretoria Geral da Receita (DGR), cabe lembrar, além de Breno César Cavalcanti, já referido, as participações de Cícero Barbosa da Silva Filho, como Diretor do Departamento de Cadastro e Informações Econômico-Fiscais, Cláudio Couceiro d´Amorim, como Diretor do Departamento de Arrecadação, Feliciano Amaro Sales Ramos, como Diretor do Departamento de Fiscalização de Rendas e Gerardo Sampaio de Queiroz, como Diretor do Departamento de Mercadorias em Trânsito.

Os nomes dos Departamentos da DGR mencionados são um indicador das linhas básicas da administração tributária, quanto às suas funções:

a) manutenção de um cadastro dos contribuintes;
b) montagem de uma base de dados sobre as transações realizadas e geradoras do imposto a ser recolhido, que permitisse o planejamento da fiscalização;
c) controle do recolhimento dos tributos, também para alimentar o planejamento fiscal;
d) orientação aos contribuintes quanto ao cumprimento da legislação.

A publicação contém na página 11 um organograma colorido que destaca três órgãos criados na gestão Krause (as Assessorias de Coordenação para Assuntos Tributários Municipais e de Comunicação Fazendária, bem como o Departamento de Crédito Público Estadual, responsabilizado pelo controle da dívida pública estadual). Também destaca os órgãos reestruturados, a grande maioria dos órgãos da Secretaria. Os que não sofreram alteração foram: a Auditoria Fiscal, a Procuradoria das Execuções Fiscais, a Procuradoria dos Feitos da Fazenda, o Departamento de Fiscalização de Rendas, o Centro de Orientação ao Contribuinte e o Departamento de Serviços Gerais.

Em 1975, primeiro ano da gestão Krause, a Assessoria Técnica de Programação coordenou a elaboração do Plano de Ação Fazendária - PLANAF, cujos oito objetivos o documento reproduz, antes de listar as realizações do triênio 1975-77.

Na área de arrecadação, durante o ano de 1976 foi concebido o Subsistema de Arrecadação que permitiu a utilização, a partir de 1º de janeiro de 1977, a utilização de um conjunto de Documentos de Arrecadação - DAEs, destinados ao controle da arrecadação estadual.

Um dos órgãos reestruturados, e cuja transformação foi destacada no relatório do triênio, foi o Conselho de Recursos Fiscais - CRF. Diz o documento: "Foram criados através da Lei 7.034/75, seis cargos de provimento efetivo de Conselheiro Fiscal, preenchidos mediante concurso público realizado em 1976". O CRF "era composto de membros que não exerciam as suas funções na qualidade de funcionários públicos efetivos e em regime de tempo integral". De junho a dezembro de 1977, o novo Conselho julgou 351 processos herdados do órgão anterior e 158 provenientes da primeira instância.

Aspecto destacável do relatório 1975-77 foi o tópico "Uma visão prospectiva". Lá se encontra o reconhecimento de falhas em algumas mudanças intentadas e a indicação de medidas futuras. Lê-se no tópico: "A experiência vivenciada no triênio abordado e a consciência do valor e das limitações dos resultados alcançados induzem à indicação de algumas medidas, as quais, se adotadas no futuro, garantirão a continuidade do processo de modernização da Administração Fazendária".

Um exemplo de auto-crítica está na proposta "Revisar o sistema de informações econômico-fiscais". "O sistema implantado em janeiro de 1977 não produziu os resultados esperados, pelas seguintes razões:
- a grande diversidade de objetivos do sistema exigiu que os documentos de captação de informações fossem extensos e complexos, ocasionando grandes problemas no seu preenchimento;
- os erros e as distorções, decorrentes do processo de escrituração dos livros fiscais, tornam ainda mais graves os problemas de preenchimento dos documentos de entrada de informações para o sistema.

Ocorreu nesse período e não está registrado no relatório, uma discussão sobre um modelo radicalmente diferente de captar e processar informações econômico-fiscais, partindo para a origem dos registros, de modo a evitar os erros de escrituração e a demora nos fluxos. Essas idéias, registradas num documento apelidado de "azulão", por sua capa azul, estimuladas pela dupla de técnicos Cursino e Cícero, permaneceu como uma utopia, em razão do volume de processamento e das limitações tecnológicas da época. Ver-se-iam, somente no final dos anos noventa, os avanços trazidos com a escrituração eletrônica e sua transmissão pela Internete, o que representou a confirmação de como aquela discussão dos anos setenta estava distante da possibilidade de realização.

O relatório mencionou, quanto à origem dos problemas, os erros de escrituração, tendo sido apontados como medidas indispensáveis: a simplificação da legislação e o reforço da orientação aos contribuintes, tendo sido editada a Portaria nº 09/78, "que aprovou instruções relativas à escrituração de livros e documentos fiscais".

Outras propostas foram registradas no relatório 1975-77 como a revisão das penalidades tributárias aprovadas por leis da década anterior e consideradas não ajustadas à nova realidade dos contribuintes e da administração tributária.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

1988 - 1995 - Pessoas, atividades técnicas desenvolvidas e conflitos de interesses

Breves anotações sobre o cargo de Diretor Geral da Receita, a função de Gerente do Instituto de Administração Fazendária - IAF e a coordenação do "Grupo de Estudos sobre o Sistema Tributário Nacional - Port. SF nº 466/93".

Neste subperíodo, exerci, de fevereiro de 1988 (por ato do Governador Miguel Arraes de Alencar) a abril de 1990, quando Carlos Wilson assumiu o cargo de Governador, o cargo de Diretor Geral da Receita. Fui exonerado, a pedido, pelo próprio Governador Arraes, por meio do Ato nº 1.397 (Diário Oficial do Estado de 11.04.1990), antes que ele deixasse o Palácio no seu segundo mandato.

Também nesse subperíodo, exerci a função de Gerente do Instituto de Administração Fazendária, a partir de 11 de dezembro de 1991, mediante designação pelo Secretário da Fazenda Gustavo Krause. Havia ido para o Instituto a partir de 1º de abril desse mesmo ano, com o propósito de integrar-me a grupo de estudos econômico-financeiros.

Exemplos dos resultados desses estudos está na síntese dos trabalhos realizados pelo Grupo de Estudos sobre o Sistema Tributário Nacional, criado pela Portaria SF nº 466/1993 (documento divulgado em setembro de 1994 - a íntegra pode ser obtida em www.nupesp.org/arquivos/1994_Estudos_sobre_a_reforma_tributaria.doc).

O Grupo foi constituído pelos seguintes servidores fazendários: Antônio Almeida Lima, Carlos José Wanderley de Mesquita, Carlos Rogério Viana de Lucena, Eli Alves de Oliveira, Eneida Orenstein Ende, Ivo Vasconcelos Pedrosa (coordenador), Luiz Lustosa Roriz Caribé, Márcio Bartolomeu Alves Silva e Ormindo Barros de Azevedo.

Segundo o documento síntese, "a decisão de ser criado o Grupo foi tomada em reunião realizada em 26.8.93, com a participação de treze auditores (da Diretoria de Administração Tributária, da Diretoria Técnica de Coordenação e do Departamento de Processos Administrativos e Tributários), dos quais seis vieram a pertencer ao Grupo, cujos objetivos foram assim definidos:

a) acompanhamento das propostas de emendas à Constituição em tramitação ou que viessem a ser encaminhadas;
b) participação ativa de técnicos de Pernambuco nas discussões sobre reforma tributária, pelo menos com outros técnicos de dois Estados do Nordeste que haviam demonstrado mais interesse - Ceará e Paraíba;
c) preparação de uma proposta de Pernambuco, se possível ajustada aos demais Estados do Nordeste;
d) discussão não limitada ao nível constitucional;
e) estímulo à participação, posteriormente, nas discussões, de outros segmentos da sociedade do Estado.